segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ELE É O HOMEM CERTO. NO LUGAR CERTO? O TEMPO DIRÁ!


'Ele é o homem certo no lugar certo', diz Dilma sobre Amorim

Ex-chanceler vai substituir Nelson Jobim no Ministério da Defesa. 
'Trocas de comando fazem parte', disse a presidente durante a cerimônia.

Sandro LimaDo G1, em Brasília
 A presidente Dilma Rousseff disse durante discurso nesta segunda-feira (8) que escolheu com cuidado o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, para a vaga e afirmou que ele é o “homem certo no lugar certo”. Amorim tomou posse nesta segunda e vai substituir Nelson Jobim, que pediu demissão do cargo na última quinta-feira.
“Mudanças importantes requerem cuidado, cobram sensatez [..] Ele [Amorim] tem qualidades que o aproximam muito dos senhores oficiais”, disse Dilma.
Ministro das Relações Exteriores no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim foi convidado a voltar ao governo depois que Dilma decidiu pela demissão de Jobim. Reportagem publicada na edição deste mês da revista "Piauí" reproduz declarações atribuídas a Jobim em que ele critica as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O ex-ministro negou ter dado as declarações, reafirmadas pela publicação.
Ao empossar Amorim, a presidente afirmou que mudanças fazem “parte da rotina” da política.
“Trocas de comando fazem parte, desde que se troque de comandante e não deixe de fazer o que se deve fazer. Tenho certeza que ele fará, se dedicará a construir de corpo e alma essa política de defesa”, disse Dilma.

O ex-ministro Nelson Jobim não compareceu à cerimônia. Antes das supostas críticas, Jobim havia afirmado em entrevista que nas eleições de 2010 votou no candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de quem é amigo.
Antes de Dilma, Amorim agradeceu durante discurso "o honroso convite" para ocupar o Ministério da Defesa.
"De maneira serena, cabe a mim, neste momento, mais ouvir do que falar. Identifico nos militares patriotismo, dedicação e respeito à hierarquia", disse.
O novo ministro disse que é preciso "previsibilidade" ao fornecimento de equipamentos para as Forças Armadas para que o país possa "proteger" seus recursos naturais. É preciso também, ele destacou, assegurar que a região seja "área livre de armas de destruição em massa".
"Devemos proteger nossos recursos naturais na Amazônia, nos mares. O pré-sal reforça essa necessidade. Devemos valorizar o conselho de defesa sul-americano e reforçar a parceria com os países vizinhos."
Tropas no HaitiApós a posse, Amorim disse, durante coletiva, que o Brasil deve ter uma estratégia para a retirada das tropas no Haiti. “Acho que tem que ter uma estratégia de saída, isso é bom para o Haiti e isso é bom para o Brasil também”, afirmou.
O Brasil comanda as tropas da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) desde 2004, após a queda do então presidente Jean-Bertrand Aristide em meio a uma violenta revolta popular.
Amorim afirmou que ainda não conversou com o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, sobre uma possível retirada das tropas. “Não conversei ainda com o meu querido amigo e colega, o ministro Antonio Patriota, mas eu acho que é questão de avaliar. Não pode haver nem permanência para sempre nem retirada irresponsável. Então, dentro disso, nós vamos trabalhar”.
“A operação de paz no Haiti é hoje tratada como exemplo pelo fato de ter tido um componente humanitário, um componente de desenvolvimento econômico e social que provavelmente não teria porque forças de paz no Haiti houve várias, mas entrava, botava lá outro governo no lugar e ia embora e ficava tudo como estava”, afirmou Amorim.
O ministro da Defesa disse que a saída das tropas, caso ocorra, “deve ser feita de maneira responsável”, assegurando que a cooperação econômica e social continue.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/08/ele-e-o-homem-certo-no-lugar-certo-diz-dilma-sobre-amorim.html
http://www.clicabrasilia.com.br/edicaodigital/pages/20110808-jornal/pdf/18.pdf





Amorim toma posse e já enfrenta insatisfação com orçamento curto

Esposas de militares e integrantes da reserva protestaram ontem contra baixos salários e condições precárias

Eduardo Bresciani / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
08 de agosto de 2011 | 0h 00
O embaixador Celso Amorim toma posse oficialmente hoje à frente do Ministério da Defesa em meio a uma insatisfação das Forças Armadas com o orçamento destinado à área.
Ed Ferreira/AE
Ed Ferreira/AE
Primeira vez. No sábado, Amorim esteve com cúpula militar
Ontem, em Brasília, um grupo de esposas de militares e integrantes da reserva protestou durante solenidade da troca da bandeira nacional na praça dos Três Poderes. Eles pediram melhores salários e criticaram o que chamam de sucateamento das Forças. A manifestação foi feita na presença do comandante-geral do Exército, general Enzo Peri.
Os problemas orçamentários da Defesa, que sofreu pesado corte no início do ano por ordem da presidente Dilma Rousseff, foram apontados como motivo de insatisfação de Nelson Jobim, que acabou deixando o cargo depois de uma sequência de declarações polêmicas.
As reivindicações salariais são mais fortes na base da carreira. Taifeiros, soldados, cabos e sargentos, segundo os familiares, recebem soldo incompatível com o trabalho que exercem, se comparado com os rendimentos de profissionais da Polícia Militar e de bombeiros do Distrito Federal. "Nosso salário é terrível", resume Genilvaldo da Silva, presidente da Associação dos Militares da Ativa, da Reserva e Pensionistas (Amarp).
"Há uma defasagem salarial de 135%", diz a presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo. Ela destaca que mesmo um reajuste de 28,68% para a carreira - fruto de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) - está com seu trâmite paralisado. Outra reclamação é que as Forças Armadas têm limitado a promoção de quem começa a carreira na base.
Existe clara insatisfação, ainda, com a falta de investimento em equipamentos. Ivone Luzardo lembrou que, na semana passada, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu em Santa Catarina matando oito pessoas - e atribuiu o acidente ao sucateamento. "Todo ano tem corte no Orçamento e os militares hoje são obrigados a lidar com equipamentos obsoletos, colocando suas vidas em risco".
Logo após o Planalto ter anunciado, Amorim como ministro da Defesa, na quinta-feira, chefes militares manifestaram reservadamente descontentamento com a indicação. Eles temem uma revisão da Lei da Anistia. 
Capa do Jornal Correio Braziliense de 08 de agosto de 2011


Militares querem que Amorim viabilize projetos urgentes e recupere salários

Publicação: 08/08/2011 08:32 Atualização:
O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, que toma posse hoje à tarde, conseguiu reverter a insatisfação inicial de militares com sua indicação para substituir Nelson Jobim. Agora, tem de lidar com pressões das Forças Armadas, que cobram atuação firme para evitar a reversão no fortalecimento político da pasta. O diplomata e ex-chanceler tem como missão inicial mostrar aos militares que terá capacidade e influência perante a presidente Dilma Rousseff para tirar projetos do papel e aumentar os recursos para Exército, Marinha e Aeronáutica.

A insatisfação de parte dos militares foi revertida graças a uma operação minuciosa, que contou com assessores do Ministério da Defesa nas primeiras horas em que Amorim foi indicado na sexta-feira. Também contribuiu a atuação decisiva de Dilma, que se reuniu pessoalmente com os comandantes das Forças e o chefe do Estado-Maior. Ela abriu caminho para a conversa que o novo ministro teve com os quatro na tarde de sábado. “Os comandantes receberam bem, as insatisfações foram distensionadas. O Celso Amorim vai assumir o posto e vai jogar o jogo. A bola está nos seus pés e o sucesso depende dele”, comentou um oficial com cargo no Ministério da Defesa que pediu para não ser identificado.

Protesto de mulheres e de parentes de militares durante a troca da bandeira: pedem reajuste de 135% nos soldos (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Protesto de mulheres e de parentes de militares durante a troca da bandeira: pedem reajuste de 135% nos soldos
Um dos primeiros projetos que mostrará se Amorim está bem posicionado para levar adiante o reaparelhamento das Forças Armadas é a recuperação da Avibrás, que projeta sistemas de lançamento de foguetes. Os ministérios do Planejamento e da Fazenda deram sinal verde para incluir a empresa, que enfrenta processo de recuperação judicial, no programa Refis-4, que trata de dívidas com tributos federais acumuladas ao longo dos anos. O Ministério da Defesa também recebeu aval das outras duas pastas para a compra do Astros 2020, sistema mais avançado de tecnologia nacional de foguetes, elaborado pela Avibrás. O Exército queria investir R$ 960 milhões nessa aquisição. Falta apenas a assinatura da presidente Dilma.

Otimismo
O general Leônidas Gonçalves, que foi ministro do Exército do governo José Sarney (1985-1990), disse estar otimista com relação à atuação de Amorim. “É um homem de experiência em altos cargos, conhece a questão internacional e tem todas as condições para se sair bem.” Gonçalves espera que Amorim saiba reunir bem todas essas qualidades e use a proximidade com a presidente Dilma para conseguir recursos para o Ministério da Defesa. Gonçalves acredita que todos os cinco ministros antecessores de Jobim não conseguiram consolidar o papel institucional do Ministério da Defesa. “Os ministros anteriores foram muito fracos e sem condições técnicas de realizar o que se devia.” 

Hoje, essa questão está ultrapassada, na visão do capitão-de-mar-e-guerra reformado da Marinha Adalberto de Souza Filho, professor de estratégia e planejamento da Escola Superior de Guerra (ESG). “Não se questiona mais a importância de o Ministério da Defesa estar nas mãos de um civil”, avaliou. “Essa etapa está ultrapassada. O que se discute é o revigoramento político do Ministério da Defesa”, afirmou Souza Filho. Segundo ele, conta a favor de Amorim o fato de haver uma convergência entre as políticas de Defesa e Externa. “Não existe país que busque um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU sem estrutura de defesa respeitável”, disse o professor da ESG.

Na avaliação do general Leônidas Gonçalves, o Brasil é um país pacífico, mas o crescimento da economia e o papel de destaque brasileiro no cenário internacional podem ocasionar choques de interesses daqui a 30 ou 40 anos. Por isso, um Ministério da Defesa forte é necessário para se preparar para o futuro. Ele lamentou que a pasta tenha sofrido diversos reveses orçamentários este ano. “As prioridades do governo para as Forças Armadas estão equivocadas. Tem novos patrimônios que precisam ser defendidos”, afirmou.

As mulheres e os parentes dos militares realizaram protesto ontem pedindo reajuste salarial. Durante a tradicional troca da Bandeira Nacional, na Praça dos Três Poderes, eles cobraram o reajuste de 135% no soldo, para atingir o poder de compra de 10 anos atrás. Segundo manifestantes, a conta foi feita com base na perda salarial e na diferença entre as polícias e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Durante a cerimônia, a manifestação foi silenciosa. Mas assim que acabou o evento, o grupo promoveu um panelaço e usaram um megafone para chamar a atenção de oficiais do Exército.